Quando era pequeno, sempre passava as férias na casa dos meus avós, no interior de São Paulo. Eu adorava este período pois tinha todo o tempo do mundo para brincar, andar de bicicleta, jogar bola na rua, desenhar, comer pipoca assistindo televisão, pescar com meu avô sem falar do carinho e das coisas gostosas que só minha avó sabia fazer. Mas, dentre todas as coisas, o momento mais mágico era quando nos reuníamos à noite para conversar e contar estórias, sentados na calçada, debaixo da copa de uma grande árvore que havia na frente da casa dos meus avós. A família toda se reunia e o destaque sempre ficava para meu querido avô Bié e seu irmão de criação, o saudoso Waldemar Arruda. O primeiro, um exímio pescador, o segundo, um jornalista renomado de São Paulo que gozava de sua merecida aposentadoria no interior. Agora imagine só as estórias que estes dois contavam. Ficávamos até tarde da noite, rindo, nos divertindo e com os ouvidos atentos para cada novo “causo” que eles contavam.
Hoje, mais de trinta anos depois, vejo que as empresas adotam a mesma estratégia para atrair seus consumidores. Através de boas estórias elas posicionam suas marcas e se aproximam do seu público alvo. E boas estórias são ideais para isso. Nelas, o consumidor se envolve, se identifica, se emociona e, principalmente, cria valor para sua marca e passa a gostar do que ela vende. E temos vários exemplos. Quem não se lembra dos Retratos da Real Beleza da Dove, Eduardo e Mônica da Vivo e o do controverso caso da Hollister, marca de roupas americana que inventou uma estória sobre a sua história. Na verdade, em todos os casos, fica difícil distinguir o que é real ou fictício e não vejo problema neste fato. O importante é que as “estórias” toquem nosso coração, fiquem na nossa lembrança e nos façam pensar, assim como as do meu querido avô e seu irmão de criação Waldemar. Se eram reais ou não eu não sei, mas pra mim, isso pouco importa.