Meu pai sempre foi um cara gozador. Para cada assunto sempre tinha uma piada escondida na manga. Certa vez, depois de um longo período, meus pais vieram me visitar e lá estava o “seu Antena” com as suas piadas. Servi uma vodka, como é de costume e, sem dizer a marca, perguntei o que ele tinha achado. Depois de virar aquele copinho trapezóide, ele nem pensou muito em responder: “muito boa esta vodka. É Smirnoff né meu filho! “Respondi: “Não pai, é uma outra marca, aliás, bem baratinha que encontrei no mercado”.
- Pô, meu filho, mas vodka é Smirnoff !
- Que é isso pai….”
Bom, essa discussão durou vários copinhos de vodka, mas ela me fez refletir sobre o poder que as marcas exercem sobre nós consumidores, e sobre a qualidade dos produtos.
Vamos analisar um pouco mais este assunto.
A Coca-Cola é uma das marcas mais conhecidas do mundo, talvez a mais valiosa, mas o produto “refrigerante” que ela produz é realmente o melhor da sua categoria?
O Mcdonalds possui franquias por todo o mundo mas seu produto é bom?
As empresas automobilísticas possuem Iso 9000, 14000 mas seus carros são realmente bons?
A Rede Globo foi durante muitos anos e ainda continua sendo líder de audiência das TVs abertas mas sua programação é realmente a melhor?
Até Roberto Carlos é campeão de vendas até hoje mas seus discos são bons?
Seria uma pretensão muito grande de minha parte ter a resposta para todas estas perguntas, aliás, esta não é a minha intenção. Quero apenas que você, leitor e consumidor, reflita sobre elas. O ponto que quero chegar é o de que o valor das marcas se dá pelo posicionamento que elas ocupam em nossas mentes, e não necessariamente pela qualidade do produto. Mas você pode dizer: Ah, mas se o produto não fosse bom, ninguém compraria. Bom, alguns políticos estão aí para provar o contrário mas é bom lembrar que neste processo, a comunicação/propaganda desempenha um papel fundamental. É ela que abre caminho para encontrar um lugar cativo em nossas mentes, é ela que nos faz lembrar das marcas, atribuindo qualidade e valor por serem mais lembradas. É aí que vejo o poder das marcas. É evidente que o marketing também está neste contexto mas a propaganda é o ponto chave. Aliás, eu acho bom que seja assim pois é da propaganda que sobrevivo e, sem ela, não poderei comprar uma outra garrafa de vodka. É que, a que tomei com meu pai já acabou.